sábado, 15 de maio de 2010

A espiga e o lacrau na livraria.


“Estávamos a precisar um bocadinho desta calma”, disse a professora aos alunos, quando todos se sentaram e pediram os seus cafés, chás, copo de vinho e água ao som das sonatas e partitas de Bach.
Parece que a professora de geografia humana tinha levado o grupo de universitários a dar uma longa volta a pé pelo campo, vinham encalorados apesar do dia frio e ventoso.
Conversaram, descansaram e partiram deixando alguns vestígios: umas palhinhas e uma espiga, daquelas que se agarram à roupa e, comprido, às riscas alaranjadas e pretas, com um rabinho de tenazes, e antenas compridas na cabeça, um lacrau. Claro que também poderia ser uma centopeia ou qualquer outra espécie mais inocente – mas quem veio da cidade e vende livros no campo gosta sempre de dramatizar.